sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Intruso

Nas veias correm
Fervilhando vida
E cada célula viva
Absorve o doce amargo
Nas veias sofridas
Abrem as feridas do veneno
Que suave desliza
Pelos micros caminhos de dor
No corpo pulsam
Os músculos antes inertes
Agora se despem de todo o pudor
Para enfrentar esse
Intruso amor

Menino Sertão

Terra quente rachada
Vertem o sangue
Das mãos calejadas

Os pés cansados
Caminham lado a lado
Sol á pino
Desde menino
Calado

Sonhava deixar a enxada
Cair na estrada
E ver a chuva de madrugada

Com a pele marcada
Pela idade chegada
Coração apertado
Olhar perdido no nada
Molham a terra seca
De lágrimas...

O céu se pinta de dourado
Pra me trazer um recado
Um beijo raro
Uma saudade

Na mistura de suas cores
Posso sentir os sabores
Que salivam suaves
O céu da boca esquecida

E no nascer de mil estrelas
Revelam-se as magias
Da vida
Minha espera branda
E a vontade é tanta
Que posso sentir

Seu beijo suave
Saltar duma nuvem
A roçar meu lábio nú

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

O FUTURO É AGORA

Guardo meus dias felizes
Comigo
Meu agora
Meu hoje que já vai embora
A chuva
A chave que não rodou na fechadura
E o guarda chuva
Que gotejou...
A água que bebi
Que me limpou
A fumaça que sumiu quieta
Guardo meus dias felizes
Únicos impares
O som sujo que saiu do violão
E o risco que descobri em meu cd
Preferido
Os três cobertores na cama
Que me aqueceram calados
Suaves enfim
Hoje guardo comigo
Esse dia a esperança
Saciedade de vida
Guardo você que não veio
E agradeço.

DE LÍRIOS

Nessa terra distante
Onde perdidas estão as saudades
Posso tocar suave
Os lírios do caminho
Notas de violino
Compor meu destino
Em melodias azuis de céu
Com brilho de milhões e milhões
De pequenas estrelas
Posso colorir
Minha estória
Em folha sem linha
Trilhar dezenas de caminhos de certezas
Posso navegar em nuvens
Brancas de paz
E aquecer-me do sal
Da terra da vida

Devaneios

Busco na lembrança
Um fio de esperança
Poder beijar-te
Doce
Quente veneno
Como outrora
Sentir o sabor da aurora
No céu da minha boca
Que chora!

VICIO

Lavava tudo
Esfregava
Os velhos lençóis
O chão do quintal
O limo
Roupas mofadas
Pias lavava
Limpava brilhava
Cada canto esfregava
As frestas
As janelas e azulejos
Pratos
Talheres limpava
Sofria
Desinfetava as pilhas
Ralos e canos
Rabiscos
Paredes e pichadas
Limpava
Por dentro
Tentava
Desencardir a alma.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

POESIA

Na parede limpa
O quadro
Olhava pra mim
Querendo me dizer poesia
Os dentes cerrados olhar vazio
Já dizia calado
Versos de triste fim

Na cama sozinha
O lençol
Sorria pra mim
Querendo me dizer poesia
Do frio que sentia
Sem teu corpo ali

A casa soluça vazia
Num cinzeiro de amargas cinzas

Eu
Recebo as palavras das coisas
E tento fazer
POESIA

Mas os dedos mortos
Não contam a solidão
Desses dias...
 
Aninha
25/12/11

Raios de Sol

A cortina balança
Suave os ventos da saudade
Entram raios luminosos
Inundando a casa
Quieta calada de braços abertos
recebe calor de vida
Brilham paredes e espelhos
Secam lágrimas
de solidão
Renovam os desejos
Que morreram
na colcha amarela do quarto

Aninha
25/12/11

LUZ E VIDA


O sal da terra
Morre úmido no céu da minha boca
A água me lava
O corpo dolorido
Tapas, marcas tudo.
Se esvai como rio
Limpa a alma encardida
Esgota as forças
Se livra do mal
E tem a chuva
O céu que anuncia trovões de brilho
Lampejos de sanidade
Luz de cores vivas
Com o tempo...
Purifica
Os atos errados da vida!

Aninha
22/12/11